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Ata do Sarau 2016.1 – PreVendo Carnaval
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Os que ficaram até o final 1
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Os que ficaram até o final 2
Ata do Sarau do Fórum Independente de Cultura-FIC, Edição 2016.1, em 30 de janeiro de 2016, denominado “Pre-Vendo Carnaval”, na Câmara Municipal de Esperança. Após a última das assinaturas dos presentes, lavraremos esse registro. (Ass).
A abertura se deu por Evaldo Brasil, que fez a apresentação do FIC com um retrospecto das atividades deste Fórum, há quase dois anos desenvolvendo atividades culturais em Esperança; informando que já estamos cadastrados como Ponto de Cultura em www.culturaviva.gov.br, ao lado do Grupo Teatro Jesus de Nazaré-GTJN, que faz a “Paixão de Cristo”, dentre outras montagens, apontando o desejo de que todas as iniciativas locais se cadastrem, para que tenham certificação federal.
Lembrando que o sarau tenta a pontualidade britânica e começa com quatro, dez, vinte e já contou ao final com mais de cinquenta participantes, sem a preocupação de se tornar evento de massa, bastando ser encontro de púbico, Brasil informou a programação deste dia.
Ato contínuo, após diferenciar massa e público, Brasil fez a leitura da ata anterior, do Sarau do FIC Verde, realizado na comunidade de Timbaúba. Em seguida, teve início o ciclo de conversas sobre o Carnaval. Tomando a palavra, como programado, Rau Ferreira faz um histórico do tríduo momesco, especialmente em Esperança. Marquinhos Pintor, presidente da AAQM (Associação Afro-cultural Quero Mais), falou de seu envolvimento com a festança, desde a infância ao lado do pai, o popular “Moleque”, dos irmãos e da irmã, passistas da “Última Hora”, discorrendo de como eram feitos os instrumentos, de maneira artesanal; fala das papangus, do Zé Pereira, das Escolas de Samba e dos Índios até chegar à “Ala-ursa”, cujo resgate nos últimos 10 anos vem sendo promovido pela “Quero Mais”, cuja a realização do atual concurso oficial começou sob a organização dele, com patrocínio e participação da ativista Mariete Delon. Dentre as ponderações do público-plateia-atração presente, duas se destacaram: Adelson dos Santos, evangélico, mostrou conhecer o tema, fazendo menção a alguns blocos da Cidade; Ivanildo Xavier, que chamou a atenção para a importância da Ala-ursa, pois em Campina Grande, onde reside, não se tem mais essa figura, enquanto que em Esperança, muitas pessoas ainda não lhe dão o devido valor.
Brasil, Carlos Almeida, Severino do Ramo, dentre outros pontuaram ao longo das falas. Às 21 horas, a segunda parte do Sarau, teve início com os poemas “Carnaval de Seu Jacinto, em homenagem ao jornalista esperancense Jacinto Barbosa”, em três cordéis (E. Brasil).
Almeida relembrou o seu Recife, disse e cantou, à capela, “Felinto” (Evocação Nº 1, de Nelson Ferreira). Fernando Virtuosi, Severino e quem se dispôs a usar dos instrumentos disponíveis, executaram “Acorda Maria Bonita”, do cancioneiro popular, com flauta doce e percussão.
Rau Ferreira, por sua vez, falou da dualidade que há entre poesia popular e clássica, dizendo que cada uma tem sua beleza, e que entre erudito e popular há muita afinidade. Após as ponderações de Brasil e de Ivanildo Xavier, a despeito de não serem critérios de valor, mas apenas didáticos, Ferreira recitou versos de Zé da Luz: “As flô de Puxinanã”. Em seguida, disse “Joaquim Tomaz”, versos de repente de Silvino Olavo, em resposta a um desafio.
Almeida, lembrando fala de Severino sobre as Muriçocas do Miramar, à capela cantou música do seu torrão, titulada “Esperança”, de Valtinho (Banda Pau de Cordas).
Diante das referências a Pernambuco, suas cidades e artistas referenciados no Sarau, Brasil trouxe para o debate Antônio Nóbrega, que resgatou dentre outras, marchinhas e frevos em seu trabalho, especialmente no CD “Na pancada do ganzá”, contando do saber da avó materna de “Truléu da Marieta” e suas variações. Iordan Alves Carneiro fez alguns versos de improviso, falando dos ancestrais que estavam presentes na memória dos carnavais e que encontram em Esperança o seu lugar. Ele ainda tomou do pandeiro trazido por Severino para cantar “Deixa a vida me levar” (Zeca Pagodinho), acompanhado em coral por todos.
Enquanto se espera mais alguém soltar a voz, Brasil disse o “Carnaval 2025”, de como ele se projeta para o ano do Centenário da nossa emancipação política (Cordel 49-176). Logo após, Severino fala do Carnaval de Bezerros/PE – o carnaval de máscaras – onde os blocos concorrem a melhor máscara a cada ano, dizendo que aquele município também tem outra atividade, que é a xilogravura sendo, portanto, considerada a cidade do cordel.
Na ocasião, Brasil contou uma história vivenciada por ele em Triunfo/PE, onde foi confundido, numa brincadeira entre artistas locais, com o cantor Nando Reis, onde se encantou com a referência aos Caretas do Carnaval. Beilza Pessoa falou do carnaval do mela-mela em Macau/RN, onde o mel se mistura ao calor e ao sal. Lá, a tradição são as festas de clubes, mas o “Bloco do Mel”, sem avisar, saia de algumas ruas e ruelas, e invadem o corredor da folia; seus componentes empurram carros de mão com tonéis de mel, passando a lambuzar as pessoas.
Pertinho do final deste Sarau, Juscelino Cavalcanti comentou o contraste entre público e massa, louvando a iniciativa do FIC. Disse que é comum “valorizar setores da mídia que não vão agregar sabedoria e conhecimento”. Feita foto oficial, como de costume, Rau Ferreira ainda fez a leitura do seu poema “Carnaval de todos os tempos”. Ao final, Fernando Virtuosi e Severino do Ramo (flauta doce e percussão) tocaram a conhecidíssima “Anunciação” (Alceu Valença) e Asa Branca, imortalizada pelo rei do baião Luiz Gonzaga. Finalizado os trabalhos, formaram-se rodas de amigos para as despedidas, já convocando para o próximo encontro, que será no mais tardar em março. E para constar, lavramos esta ata a quatro mãos, Rau Ferreira/Evaldo Brasil.